Vem isto a propósito das recentes notícias do
esquecimento de duas crianças nas escolas da Batalha e que motivou alguma
agitação nos meios informativos e no seio da comunidade educativa.
Já se falou muito sobre este assunto, ninguém lamentará
mais que os próprios intervenientes, que acabaram por concorrer
para uma situação que invoca algum melindre, sem contar naturalmente com a aflição momentânea
com que as respetivas crianças e os pais se viram confrontados, mas cujas consequências
acabaram por não passar mais do que um susto, esperemos que não tenha passado
apenas de um pequeno episódio de má sorte no ainda longo percurso de vida
destas crianças.
Acreditem, ninguém mais lamentará que as pessoas envolvidas,
docentes, animadoras ou outras responsáveis, seja quem quer que tenha sido, que
lhes tenha caído em sorte estes deslizes, porque não estamos a falar de maus
tratos, mas numa falta de zelo na agitação diária que é a gestão destas pequenas
criaturas, os nossos filhos. Na educação também se comentem erros, todos somos educadores,
todos cometemos deslizes. Por isso, não é de estranhar que, grande maioria das
vezes, senão quase todas, as saídas do recinto escolar revestem-se de alguma
angústia pelos riscos e responsabilidade que implicam, só acalmadas quando
regressam a porto seguro, a escola, que no fundo foi onde as crianças acabaram
por ficar, sozinhas é certo, mas dentro de um espaço que lhes é mais do que
familiar, a segunda ou muitas das vezes a primeira casa.
Aconteceu, não devia, não podia, tanto mais que já
tinha havido há bem pouco tempo um alerta no mesmo sentido, ainda por cima numa escola que há
pouquíssimo tempo tinha sido objeto de regozijo por parte de todos nós, das crianças, pais e
educadores, que viram uma das suas ansiedades cumpridas. Não podia ter sido
pior, mas nisso não foi dada essa nota positiva, a inauguração da sala de
refeições para as crianças que frequentam a escola das Brancas, já que as mesmas
eram tidas na associação local e que dista algumas centenas de metros e num
percurso extremamente perigoso, mesmo com a vigilância apertada das
responsáveis durante o trajeto.
Se os que falam e asneiram diariamente nas
televisões são pagos para isso, estou certo de que, quer o Presidente do Município
quer o Diretor do Agrupamento, gostariam de pagar para não falar, justificar o
sucedido não era possível, mas cuja responsabilidade lhes (re)cai em cima e
acabaram por ter que dar a cara, em detrimento de um qualquer comunicado sem remetente.
Resta-nos
a todos, enquanto comunidade educativa, refletir sem exacerbar demasiados sentimentos
de culpa sobre estes episódios e tentar contribuir para que os mesmos não
aconteçam, estou certo de que já terão sido repensadas e tomadas medidas alternativas de
controlo, porque dentro das escolas há muito mais do que esquecimentos, há muitos sorrisos e é essencialmente
nisso que temos e devemos acreditar.
__________________________________Carlos Valverde / A Pais Batalha
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