23 de fevereiro de 2015

NÃO PODIA TER ACONTECIDO, NÃO DEVIA, MAS ACONTECEU.

Vem isto a propósito das recentes notícias do esquecimento de duas crianças nas escolas da Batalha e que motivou alguma agitação nos meios informativos e no seio da comunidade educativa.
Já se falou muito sobre este assunto, ninguém lamentará mais que os próprios intervenientes, que acabaram por concorrer para uma situação que invoca algum melindre, sem contar naturalmente com a aflição momentânea com que as respetivas crianças e os pais se viram confrontados, mas cujas consequências acabaram por não passar mais do que um susto, esperemos que não tenha passado apenas de um pequeno episódio de má sorte no ainda longo percurso de vida destas crianças.
Acreditem, ninguém mais lamentará que as pessoas envolvidas, docentes, animadoras ou outras responsáveis, seja quem quer que tenha sido, que lhes tenha caído em sorte estes deslizes, porque não estamos a falar de maus tratos, mas numa falta de zelo na agitação diária que é a gestão destas pequenas criaturas, os nossos filhos. Na educação também se comentem erros, todos somos educadores, todos cometemos deslizes. Por isso, não é de estranhar que, grande maioria das vezes, senão quase todas, as saídas do recinto escolar revestem-se de alguma angústia pelos riscos e responsabilidade que implicam, só acalmadas quando regressam a porto seguro, a escola, que no fundo foi onde as crianças acabaram por ficar, sozinhas é certo, mas dentro de um espaço que lhes é mais do que familiar, a segunda ou muitas das vezes a primeira casa.
Aconteceu, não devia, não podia, tanto mais que já tinha havido há  bem pouco tempo um alerta no mesmo sentido, ainda por cima numa escola que há pouquíssimo tempo tinha sido objeto de regozijo por parte de todos nós, das crianças, pais e educadores, que viram uma das suas ansiedades cumpridas. Não podia ter sido pior, mas nisso não foi dada essa nota positiva, a inauguração da sala de refeições para as crianças que frequentam a escola das Brancas, já que as mesmas eram tidas na associação local e que dista algumas centenas de metros e num percurso extremamente perigoso, mesmo com a vigilância apertada das responsáveis durante o trajeto.
Se os que falam e asneiram diariamente nas televisões são pagos para isso, estou certo de que, quer o Presidente do Município quer o Diretor do Agrupamento, gostariam de pagar para não falar, justificar o sucedido não era possível, mas cuja responsabilidade lhes (re)cai em cima e acabaram por ter que dar a cara, em detrimento de um qualquer comunicado sem remetente.
Resta-nos a todos, enquanto comunidade educativa, refletir sem exacerbar demasiados sentimentos de culpa sobre estes episódios e tentar contribuir para que os mesmos não aconteçam, estou certo de que já terão sido repensadas e tomadas medidas alternativas de controlo, porque dentro das escolas há muito mais do que esquecimentos, há muitos sorrisos e é essencialmente nisso que temos e devemos acreditar.
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Carlos Valverde / A Pais Batalha

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