4 de outubro de 2015

Crianças mais sedentárias e com menos liberdade para brincar


Público
Coordenador de estudo sobre mobilidade quer crianças a correr, nadar, dançar e a subir às árvores.
6/09/2015 
Um estudo sobre mobilidade infantil em 16 países concluiu que Portugal está na cauda da tabela, o que tem consequências graves para o aproveitamento escolar e, sobretudo, para a saúde pública, alerta o coordenador do estudo português, Carlos Neto.


Um dos aspectos estudados neste trabalho, o trajecto casa-escola, mostra que apenas 35% das crianças com 8 ou 9 anos vão a pé para a escola e que nesta faixa etária nenhuma vai de bicicleta. As que são levadas de carro são a grande maioria (56%). "Aqui vai tudo de carro para a escola. As crianças visualizam o espaço físico pelo vidro do automóvel. Estamos a criar uma situação desesperada. Valia a pena por isto em discussão em campanha eleitoral", defendeu Carlos Neto.
Só por volta dos 12 anos a grande maioria das crianças portugueses inquiridas neste estudo (80%) teve permissão para ir sozinha para a escola, ou atravessar sozinha estradas municipais. Só aos 15 anos a maior parte tem autorização para andar sozinha de transportes públicas ou para circular de bicicleta sem supervisão em estradas principais.
O estudo demonstra também que as diferenças entre litoral e interior são cada vez mais esbatidas e que ao nível do sedentarismo os comportamentos são os mesmos.
Os 16 países que integraram este estudo foram, e por ordem de classificação em termos de mobilidade independente das suas crianças, a Finlândia, a Alemanha, a Noruega, a Suécia, o Japão, a Dinamarca, a Inglaterra, França, Israel, Sri Lanka, Brasil, Irlanda, Austrália, Portugal e Itália (empatados em 14.º lugar) e África do Sul.
"O estudo português realizou-se em seis áreas diferentes de Portugal que se consideram ser representativas de cinco tipologias territoriais distintas: centro da cidade (centro de Lisboa); urbano (Matosinhos e Linda-a-Velha); suburbano (Brandoa), pequena cidade (Silves) e rural (Redondo). Nesta investigação participaram 16 escolas e 1099 crianças e respectivos encarregados de educação. [...] questionários foram aplicados a crianças e jovens do 3.º ao 10.º ano de escolaridade, com idades entre os 8 e os 15 anos", explica a ficha técnica do estudo.

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