Crianças. Carga horária do 1.º ciclo já é das maiores do
mundo. E ainda lhes exigimos mais, alertam pais, diretores, professores e
psicólogos
por Pedro Sousa Tavares
Crianças. Carga horária do 1.º ciclo já é das maiores do
mundo. E ainda lhes exigimos mais, alertam pais, diretores, professores e
psicólogos
Novos programas e metas
curriculares, provas finais nos 4.º e 6.º anos, rankings que levam as escolas a
competir pela média. Tudo isto, assumem pais, professores, psicólogos escolares
e diretores, torna o quotidiano das crianças portuguesas uma corrida em que até
o tempo em casa deixa de lhes pertencer.
Portugal, de acordo com um estudo
divulgado recentemente pela OCDE, já é um dos países em que os alunos mais
tempo passam na escola. Sobretudo no 1.º ciclo, com uma média anual de 875
horas. Um valor incomparável com as 569 horas da Finlândia, tradicionalmente
uma referência em todos os indicadores de sucesso educativo. Mas nem esta carga
horária parece chegar para dar resposta às exigências.
João Freire, psicólogo escolar e
coordenador do Sindicato Nacional dos Psicólogos para a Educação, confirma a
tendência para o reforço dos trabalhos de casa, que atribui ao "modelo
cognitivista que tem sido imposto pelo Ministério da Educação", em que
imperam as fasquias a atingir. "Se calhar, aquilo que está a acontecer é
que está a ir para casa o que não se consegue fazer na escola, da mesma maneira
que vai para a escola o que não se consegue resolver em casa", admite.
"Temos escolas saturadas, com programas extensíssimos, e famílias também
sobrecarregadas de trabalho, com dívidas, com pais que trabalham muitas horas. E
é nos trabalhos de casa que se nota o stress em que as famílias estão."
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