Os rankings dos exames nacionais não permitem avaliar o trabalho dos professores na progressão dos alunos. Novos indicadores permitem colmatar a lacuna.
JOANA PEREIRA BASTOS / EXPRESSO / 11.10.2015
Ministério da Educação
disponibiliza a partir desta semana um portal estatístico que permite avaliar a
progressão dos alunos ao longo do ensino básico e perceber o que cada escola
faz com a “matéria-prima” que recebe.
Todos os anos, os rankings dos exames nacionais abrem noticiários televisivos e enchem páginas de jornais com notícias sobre “a melhor” e a “pior escola”. Mas o facto de os alunos terem grandes notas nas provas não significa necessariamente que o ensino é de excelência naquele estabelecimento. Se, à partida, os estudantes já entraram com um bom nível de conhecimentos, então aquela escola pode não ter sido uma grande mais-valia, limitando-se a manter os resultados.
O Ministério da Educação
acredita, por isso, que o mais importante não é avaliar os resultados absolutos
nos exames, mas a progressão dos alunos à entrada e à saída da escola para
perceber o que cada estabelecimento de ensino consegue fazer com a
“matéria-prima” que recebe — sobretudo em comparação com outros que acolheram
estudantes com o mesmo nível de conhecimentos.
A partir desta quarta-feira, isso
passa a ser possível, no caso do 3º ciclo, através do portal estatístico
infoescolas, que reúne informações sobre mais de 1200 estabelecimentos públicos
e privados com este nível de ensino.
Está longe de ter o mesmo
mediatismo dos rankings, mas permite saber muito mais sobre cada
estabelecimento de ensino, como a progressão dos alunos em cada escola e a
comparação, a nível nacional, com alunos de outras escolas que tinham o mesmo
nível de partida. Deste modo, é possível avaliar se o trabalho dos professores
ao longo dos três anos do 3º ciclo conduziu a resultados inferiores ou
superiores ao que seria expectável para o tipo de alunos que recebeu.
Com estes indicadores, é possível
que haja algumas surpresas, ou seja escolas que não ocupam bons lugares nos
rankings, mas que conseguem puxar mais pelos seus alunos e fazer com que tenham
melhores resultados do que seria expectável, tendo em conta o seu nível de
partida.
O portal não permite, no entanto,
fazer uma ordenação (ranking) dos estabelecimentos de ensino com base na
progressão dos resultados. É preciso pesquisar escola a escola – ou região a
região.
- ALUNOS DO NORTE E CENTRO TÊM MAIS SUCESSO
A nível nacional, é possível
avaliar a progressão dos resultados dos alunos entre o 2º e o 3º ciclos. E o
retrato está longe de ser risonho. Só 41% dos jovens chegam ao final do 9º ano
sem ter chumbado e com positiva nos dois exames nacionais. A grande maioria
(59%) teve pelo menos um ‘percalço’ ao longo do caminho.
Por regiões, o centro e norte do
país destacam-se pela positiva: Coimbra, Guarda e Viana do Castelo e Guarda
são, a nível nacional, os três distritos com a taxa de sucesso mais elevada. No
extremo oposto, figuram Portalegre, Beja e Setúbal.
- ESTATÍSTICAS ESTENDEM-SE AO ENSINO SUPERIOR
Além do infoescolas, o Ministério
da Educação disponibiliza igualmente, já desde o verão passado, o infocursos,
um portal que permite fazer rankings das licenciaturas e mestrados integrados,
em universidades públicas e privadas, com base em diferentes indicadores.
Através do portal Infocursos é
possível, por exemplo, saber qual é a taxa de desemprego associada a cada
curso, em comparação com os valores médios nacionais e da respetiva área de
formação. Ou seja, é possível ver como é que uma determinada formação de uma
determinada universidade, pública ou privada, se posiciona face aos cursos da
mesma área lecionados noutras instituições.
A evolução nas médias das provas
de ingresso com que os candidatos têm entrado nos cursos ou as classificações à
saída são outras das informações disponíveis neste portal, assim como as taxas
de abandono, transferência e continuidade dos alunos um ano após a sua
matrícula.
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