3 de junho de 2014

Filhos não fazem 'orelhas moucas' intencionalmente

A pesquisa realizada por cientistas britânicos sugere que as crianças não ignoram solenemente os adultos, mas sofrem de uma "cegueira não intencional", ou seja, uma falta de percepção, especialmente notória quando algo foge do foco imediato da sua atenção.


Não há pai que não tenha, pelo menos uma vez na vida, sido ignorado por uma criança que prefere continuar a ver televisão ou a jogar no computador do que acatar as ordens recebidas.
Mas os cientistas descobriram que este comportamento, capaz de tirar qualquer um do sério, pode não ser propositado, mas estar relacionado à forma como os cérebros dos pequenos se desenvolvem.
Segundo a professora Nilli Lavie, do Instituto de Neurociência Cognitiva da Universidade de College, em Londres, as crianças têm menor noção periférica do que os adultos.
"Pais e professores devem entender que até quando se focam em coisas simples, as crianças têm menor percepção do que está em redor delas, em comparação com os adultos. Uma criança que tenta fechar o fecho do casaco enquanto atravessa a rua, por exemplo, pode não ser capaz de prestar atenção aos automóveis, enquanto um adulto com plenas faculdades mentais não teria qualquer problema em exercer esses dois movimentos simultaneamente", acrescenta Lavie.
"Em resumo, a capacidade de percepção do que está fora do foco de atenção se desenvolve com a idade. Dessa forma, crianças menores têm maior risco de sofrer o que chamamos de 'cegueira não intencional'", conclui a cientista.
No entanto, há também um lado positivo na cegueira não intencional.
É que esta falta de consciência periférica significa também que podemos reter o nosso foco e concentrarmo-nos de uma tarefa abstraindo-nos do caos que nos rodeia.

Psicólogos argumentam que todos temos uma capacidade limitada de atenção até certo nível e, por isso, quando executamos tarefas árduas, ignorar o que está à nossa volta é fundamental.

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